Akatu participa de debate sobre consumo na 1ª Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental.
Você sabe o que significa obsolescência programada? Esse “palavrão” faz muito mais parte da vida das pessoas do que se pode imaginar. A produção de bens para durarem um período menor do que a sua vida útil é o foco de um dos filmes exibidos na 1ª Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental, realizada em março deste ano, em São Paulo.
O documentário “The Light Bulb Conspiracy” (“Comprar, trocar, comprar”, Espanha/França, 2010) traz à tona a discussão sobre o modelo atual de produção e consumo e foi mote do debate sobre consumo promovido na Mostra, no último dia 18, no Cine Livraria Cultura, em São Paulo. O público pôde trocar impressões sobre diversos aspectos relacionados ao consumo com Cosima Dannortizer, diretora do documentário, Helio Mattar, diretor-presidente do Akatu, e Lisa Gunn, coordenadora executiva do Idec – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor.
Se na década de 1920 já era possível produzir uma lâmpada com vida útil de 2.500 horas, por que hoje elas duram 1.000 horas? Com questões como esta, o documentário discute práticas de empresas que produzem artigos de consumo com prazo de validade inferior ao que a tecnologia pode oferecer em durabilidade. O objetivo é provocar uma substituição mais rápida do produto, o que movimenta a produção e gera empregos.
Responsabilidade compartilhada
Durante o debate, como síntese da mensagem do documentário, a diretora ressaltou que apesar dos dados serem alarmantes, a mobilização e o comprometimento das pessoas comuns podem fazer diferença, levando a mudanças que podem ser estruturais. Reforçando a importância dos pequenos atos individuais de consumo e da sua multiplicação pelo conjunto de consumidores, afirmou: “Podemos assumir uma postura de vítimas, de colocar as empresas todas como más e não fazermos nada. Ou então podemos tomar para nós alguns papeis nessa transformação e repensar o nosso consumo. A responsabilidade por essas mudanças é compartilhada”.
Helio Mattar enfatizou que o documentário “The Light Bulb Conspiracy” e os demais filmes da programação sobre consumo da Mostra trazem especialmente a reflexão sobre falta de informação a respeito da cadeia produtiva dos produtos. “Saber que uma empresa usa trabalho escravo, ou que não cuida do seu lixo, pode nos levar a deixar de comprar um produto desta ou daquela marca. O consumidor pode valorizar ou desvalorizar as práticas das empresas por meio das suas opções de compra, desta forma contribuindo para a mudança do modelo vigente. Mas as pessoas ainda têm dificuldade de acreditar que os seus atos de consumo são poderosos instrumentos políticos. O Akatu trabalha para mobilizar esse potencial transformador das pessoas, que, por meio de seus atos de consumo consciente, podem construir um futuro sustentável para a vida no planeta”, complementou.
Lisa Gunn, do Idec, lembrou que o Brasil demorou 21 anos para aprovar a Política Nacional de Resíduos Sólidos e as discussões para a sua regulamentação estão ainda acontecendo. “Vivemos um desafio urgente neste momento, o da crise ecológica. Mas o tempo para discussão e implementação de medidas estatais nesse âmbito é enorme e a pressão das empresas é grande. As pessoas têm um papel decisivo nessas mudanças”, disse.
No site oficial da Mostra é possível acessar o conteúdo completo dos debates.