Temos percebido ao longo dos anos um aumento considerável no número de famílias que realizam viagens durante o período letivo. Algumas vezes chegam a perguntar à escola qual o melhor período para as crianças faltarem e então marcarem suas viagens, as quais não costumam ser de rápida duração.
Normalmente o argumento não foge de que a alta temporada para viagens (o período de férias escolares) é tomada por preços exorbitantes nos destinos desejados; logo, costumam aproveitar a baixa temporada (período de aulas) para realizar as viagens de férias a um valor mais acessível.
E afinal, faltar aula para viagem com a família, tem problema?
Tem! Perder aula significa muito mais que não estar presente em sala, significa deixar de participar de situações únicas em sala de aula. Perdem-se experiências, intervenções dos professores, construções de conceitos, discussões e trocas de ideias impossíveis de serem repostas. Sem contar nas atividades e correções delas que são momentos riquíssimos de aprendizagem.
Correr atrás de tudo isso depois do retorno, além de maçante e cansativo para o aluno, não vem acompanhado da riqueza de detalhes que só os momentos de sala de aula proporcionam na aprendizagem dos alunos. Passar horas copiando a tarefa dos cadernos e livros de um colega, ou seguir a pasta de pendências preparadas pela professora não suprirá o que foi vivenciado com a turma nesse tempo que se perdeu durante a viagem.
Sendo assim, viagens realizadas fora do período de férias interferem na aprendizagem sim, da criança e do grupo! Para as menores também tem a questão da readaptação. Embora haja ganhos culturais, uma série de implicações no desempenho escolar acontecem, concordam?
Decidir viajar, portanto, deve ser uma atitude muito bem pensada. A família precisará ao retorno organizar muito bem a rotina de estudos das crianças, implicando-as nesse processo de retomada, e compartilhando a responsabilidade de colocar em dia as tarefas atrasadas. Algumas vezes um apoio extra é necessário.
É nosso desejo que cada vez mais os compromissos escolares das crianças sejam respeitados, assim como o trabalho despendido pelos profissionais da escola para organizarem e planejarem um ano letivo todo.
Meses antes do início das aulas a escola já prepara o calendário escolar (documento aprovado pela Secretaria Estadual de Educação, submetido às leis das esferas municipais, estaduais e federais e em consonância com o regimento interno da escola) e então delineia a formatação dos trimestres, verifica os feriados, estipula o período de férias, realiza ajustes respeitando eventos esportivos, como é o caso deste ano, e organiza o cronograma anual da escola. Ou seja, pensa previamente e organiza milimetricamente no calendário o início e fim de projetos, períodos de avaliações e recuperações, eventos internos e externos, aulas-passeio, reuniões de pais e outras atividades próprias da rotina escolar. E isso não é nada fácil, pois muitas variáveis entram em jogo.
Acho que vale a reflexão para uma próxima viagem a ser marcada, não é? Os meses de janeiro e julho precisam ser melhor aproveitados neste caso!
Fonte: Psicopedagogia Curitiba