Em vez do computador, uma bola; no lugar da TV, uma bicicleta; para substituir o videogame, uma sapatilha. Em uma geração que já nasceu falando ao telefone celular, a prática de esportes é cada vez mais fundamental para prevenir a obesidade e garantir uma vida saudável, menos sedentária. As opções são variadas: natação, caminhada, futebol, judô, balé e capoeira são as modalidades mais comuns, e também as mais adequadas aos pequenos.
“A partir dos 5 anos, a criança já tem habilidade para entender os movimentos e os objetivos dos exercícios. Antes disso, as atividades são indicadas mais pelos aspectos sociais e recreativos. A natação praticada por um bebê de 1 ano não vai evitar que ele se afogue”, alerta o pediatra Ricardo Rego Barros, chefe do Serviço de Adolescente do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira/UFRJ. De acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2008-2009), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com o Ministério da Saúde, 34,8% dos meninos e 32% das meninas na faixa de 5 a 9 anos estão com sobrepeso; e 16,6% e 11,8%, respectivamente, estão obesos. Atividade física, portanto, é praticamente uma prescrição médica nos consultórios pediátricos.
Os pais só têm ficar atentos para não exagerar. Na primeira infância, recomenda-se que as atividades sejam mais leves. É preciso respeitar as limitações físicas das crianças, jamais as expondo a riscos de lesões. “Criança tem que se mexer! Mas é bom evitar os esportes de muito impacto sobre as articulações, que ainda não estão formadas o suficiente. E é legal também alternar os esportes, como futebol e natação, para que sejam exercitados vários tipos de músculos”, diz a pediatra Denise Brum, do Centro Médico de Saúde Harvey Ribeiro de Souza Filho.
Além do aspecto físico, há o lúdico. Que mãe não se derrete ao ver o filho se exibir no tatame, por exemplo? E que menina não se orgulha de ver a mãe aplaudir sua apresentação de balé? Mas nada deve ser imposto, alertam os médicos. E moderação é a palavra de ordem nesses casos. “Qualquer criança que pratique mais de duas horas de uma mesma modalidade por dia entra na definição de competidor. E isso é recomendado para quem tem mais de 13 anos, principalmente pela maturação cognitiva”, explica Ricardo Rego Barros. O lado psicológico também conta: o peso da expectativa e da reponsabilidade pode causar abalos e frustrações. “Já tive no consultório uma menina que praticava esgrima, veja só, porque era o sonho do pai. Mas ela detestava e sofria”, conta a psicóloga Elisabeth Góes. “Há também casos de pais que exigem uma alta performance dos filhos, irritando-se quando não vem uma medalha de ouro. Isso é péssimo para as crianças, causa complexos enormes”, completa.
Os especialistas também alertam para os perigos da musculação, que não é indicada para crianças pequenas, e sim para adolescentes que já ultrapassaram o chamado estirão de crescimento. “Antes disso, por causa da musculação, o osso fica perdido, sem saber se tem que crescer para cima ou para os lados. Geralmente, nas meninas, o estirão acaba entre os 12 e 14 anos; nos meninos, é um pouco mais tarde, entre os 13 e 15 anos”, diz Ricardo Rego Barros, que sugere a prática de que mais gosta para seus pacientes: “A capoeira é maravilhosa, associa música a movimento, desenvolve a coordenação motora e o equilíbrio”.
E um último conselho: qualquer atividade física, principalmente por crianças, deve ser supervisionada de perto por um profissional capacitado e praticada em locais confiáveis.
Fonte: Saúde 360