Caixa de sapato, avião, amarelinha, pega-pega, corda, pião. Acho que todos nos lembramos de nossas brincadeiras infantis, elas fizeram parte de nossa formação social, intelectual e afetiva. Através delas nos socializamos, nos definimos e introjetamos muitos dos hábitos culturais da vida adulta.
Desde que nascem as crianças brincam, sendo o seu próprio corpo o primeiro objeto de investimento nas suas brincadeiras. Através das atividades lúdicas, as crianças iniciam o processo de socialização, aprendendo não só a conviver com os outros, mas também a se situar no mundo que as cerca. As crianças não só se expressam como se realizam em suas brincadeiras, e, por isso, elas são tão importantes. Ao brincar, elas desenvolvem seu lado emocional e afetivo bem como muitas aptidões cognitivas. Suas brincadeiras são como nossas palavras, ou seja, mais do que um passatempo, o brincar é uma forma de comunicação das crianças com seus pares e com adultos. É também o espaço da criação e elaboração de conflitos, um espaço propício às fantasias, onde fadas podem fazer visitas, caixas de sapatos se transformam em castelos e sapos viram príncipes.
Mas, com o passar do tempo o brincar cedeu lugar a outras atividades que nos afastaram do exercício da criatividade e da expressividade. No mundo em que vivemos, as relações lúdicas e afetivas são cada vez mais permeadas pela lógica consumista e o brincar, como atividade predominantemente espontânea da criança, parece ter saído de cena. Piratas e bailarinas, vivenciados dentro da imaginação de cada um de nós, se transformaram em super- heróis e princesas hollywodianas. E isso é triste!
No último fim de semana de maio, comemora-se o brincar em mais de 30 países. A data é um convite ao exercício da espontaneidade e da imaginação, além de uma imensa oportunidade de resgatarmos a criança que existe em nós para brincarmos com nossos pequenos.
FONTE: Consumismo e Infância