Famosos blocos de madeira completam 100 anos e seguem entre os melhores brinquedos para uma criança
Eles não emitem som, não têm luzinhas piscantes ou alta tecnologia envolvida. Ainda assim os blocos de madeira comemoram 100 anos presentes em qualquer grande loja de brinquedos. E não devem sair das prateleiras tão cedo. Embora não seja possível datar quando a primeira criança usou pedaços de madeira para brincar, foi em 1913 que a educadora norte-americana Caroline Pratt criou um jogo de peças de madeira e passou a defendê-lo como importante ferramenta da educação infantil .
A forma de encarar o desenvolvimento infantil e o ambiente escolar não são os mesmos do século passado, mas pesquisas vêm confirmando que Caroline estava certa: um bom brinquedo deve ser um incentivo e não um produto, e os blocos cumprem esse papel. Estudos da década de 1940 já demonstravam que os blocos ajudam as crianças a absorverem conceitos e a melhorarem as notas em matemática.
Em 2001 um estudo acompanhou 37 crianças da idade pré-escolar até o ensino médio e descobriu que aquelas que brincaram com blocos se saíram melhor no estudo da mesma disciplina. Mais recentemente pesquisas ampliaram os benefícios, comprovando que até para a aquisição da linguagem o uso desse material em sala de aula faz a diferença.
Para a psicopedagoga Ursula Marianne Simons, mestre em Psicologia Clínica e professora da Universidade Tuiuti, blocos de madeira ainda fazem parte da primeira infância e todas as escolas de educação infantil deveriam tê-los. Primeiro a criança carrega os materiais. Depois começa a construir estruturas simples e vai tornando-as mais complexas, adicionando elementos do dia a dia, como bonecos, animais e árvores, e dramatizando seu mundo interno.
Dramatização é uma brincadeira importante nessa idade, pois permite à criança vivenciar a realidade que não consegue compreender apenas por meio do pensar. “Os blocos permitem incrementar essa dramatização, dando vazão à criatividade e aos sentimentos, enquanto permitem fazer experimentos físicos. Ver o que para em pé, o que mantém o equilíbrio, a que altura uma torre ou pode ser construída, introduzindo-a na lógica concreta, fundamental para essa idade”, diz Ursula.
Além dos blocos, tocos tirados do jardim também fazem parte das brincadeiras da escola de educação infantil Cordão Dourado. De madeira, sem acabamento, os blocos são melhores para estimular a fantasia do que qualquer brinquedo de plástico. “A madeira estimula o tato, o sentido térmico, noção de peso e por serem empilháveis, estimulam o senso de equilíbrio. As crianças gostam muito, brincam não só empilhando e construindo, como também usam os blocos nas brincadeiras diversas, com fantasia e imaginação”, diz a diretora e a pedagoga Margarete Jaster Flores.
Fonte: Gazeta do Povo