Assim que nasce, a rotina do seu filho se resume a mamar, dormir e brincar. Com o passar dos primeiros meses, ele fica mais tempo acordado até que, por volta dos 3 meses, as sonecas passam a acontecer na parte da manhã e da tarde. Você sabe bem que uma boa noite de sono é fundamental para a saúde das crianças, mas os cochilos são importantes quanto para o desenvolvimento infantil.
Estudos já mostraram as consequências da ausência desse soninho – tanto no que ser refere a distúrbios de comportamento, como ansiedade, irritação, menor nível de interesse e habilidade para resolver problemas – e os benefícios que ele traz, como a ampliação dos processos cognitivos.
O mais recente deles feito pela Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos, mostrou que as crianças que tiram uma soneca à tarde são mais inteligentes e têm melhor memória. Para chegar a esse resultado, a cientista Rebecca Spencer, professora de Psicologia e Neurociência analisou o comportamento de 40 pré-escolares durante um jogo da memória. Depois de brincar a primeira vez, ela deixou que eles dormissem durante 77 minutos e, depois, pediu que jogassem novamente. Na semana seguinte, as mesmas crianças foram convidadas a repetir o processo , só que desta vez os pesquisadores mantiveram as crianças acordadas. Rebecca notou que as crianças que tiraram uma soneca tiveram 10% mais precisão no jogo do que as que não cochilaram.
Uma soneca durante o dia é fundamental até os 3 anos: revitaliza, relaxa e aumenta a disposição. Em geral, elas ocorrem em dois momentos: uma pela manhã, entre 10h30 e 11h, e outra à tarde, entre 14h e 14h30. “A primeira soneca faz com que o bebê esteja mais relaxado para almoçar e ter mais apetite”, afirma Rosângela Garbers, pediatra e neonatologista do Hospital Pequeno Príncipe (PR). A segunda ajuda no descanso, depois das atividades matinais da criança. Quando não acontece, ela pode ficar irritada, e a fala e os movimentos, mais lentos.
Aos 2 anos, ela passa a acontecer apenas uma vez por dia e deve se manter assim até por volta dos 3 anos. Nesta fase, o cochilo não pode passar de uma hora e deve se manter assim até a criança não ter mais a necessidade de tirar uma soneca, o que acontece por volta dos 4 anos, em média. Claro que isso muda de criança para criança. Não significa que só porque seu filho completou 4 anos que está proibido de dormir um pouquinho durante o dia.
O tempo da soneca varia conforme a idade e deve ser respeitado. Não esqueça que precisa ser diferente do sono da noite. Não precisa ser no berço e pode acontecer com meia-luz. A casa não precisa estar totalmente em silêncio. “Essas diferenças são importantes para que a criança perceba que aquele não é o sono da noite”, explica o pediatra Marcelo Reibscheid, do Hospital e Maternidade São Luiz (SP).
Se depois de uma hora a criança não acordar, abra as cortinas aos poucos e coloque uma música calma, para que o despertar seja agradável e de bom humor. Jamais permita que a soneca dure a tarde inteira, por exemplo, para que o sono noturno não seja prejudicado. É importante também não deixá-la dormir depois das 16 horas. À medida que o bebê for crescendo, pode ser que ele sinta necessidade de tirar só um cochilo e em alguns dias na semana. Isso não tem problema algum. O mais importante é respeitar a necessidade de descanso do organismo da criança.
Na hora de matricular o seu filho, verifique se a instituição oferece tempo e espaço para o repouso do seu filho. “É preciso, sim, ter um local arejado e tranquilo para os bebês dormirem”, diz Reibscheid. Isso porque, quando não cochilam à tarde, as crianças costumam pegar no sono no carro, no caminho de volta para casa. Como já estará perto da hora de dormir, o sono da noite pode ser prejudicado.
O organismo da criança deve se habituar a relaxar sempre nos mesmos horários. O bebê se sentirá mais seguro quando estiver próximo a alguém que conheça. Por conta do trabalho, nem sempre os pais podem estar presentes na hora da soneca. Por isso, combine os horários com a babá ou com quem for cuidar da criança. E não se esqueça: a rotina do sono também tem de ser levada em conta aos finais de semana, mas como toda regra, pode ter uma ou outra exceção.
Meia-luz para tranquilizar: em casas de famílias numerosas, em geral com muita agitação, estimule a criança a dormir de tarde, deixando o quarto à meia-luz. Aproveite no fim de semana para descansar junto.
Interrompa a diversão: se a brincadeira ficar mais atraente que a soneca, a criança resistirá ao sono e o resultado será um final de dia difícil. Por isso, arrume uma maneira de interromper a atividade ou incluir nela a soneca de alguma forma. Que tal ler um livro para desacelerar, ou então brincar de pintar?
Fonte: Revista Crescer