Sobrepeso na primeira infância eleva o risco de obesidade na fase adulta

Sobrepeso na primeira infância eleva o risco de obesidade na fase adulta

Menino se assusta com o seu próprio peso: esse excesso é fator de risco obesidade na fase adulta –Crédito: Stephen Coburn/Shutterstock
Menino se assusta com o seu próprio peso: esse excesso é fator de risco obesidade na fase adulta –Crédito: Stephen Coburn/Shutterstock

Publicada no finalzinho de janeiro na revista científica “The New England Journal of Medicine”, uma pesquisa com 7.738 crianças americanas comprovou que o sobrepeso na infância é um fator de risco importante para a obesidade na adolescência e na vida adulta. O estudo da Universidade de Emory, em Atlanta, durou nove anos e concluiu que crianças acima do peso aos 5 anos têm quatro vezes mais chances de se tornarem adolescentes obesos em comparação com aquelas que entram na educação infantil com peso adequado à altura.

No Brasil, o cenário não é muito diferente. O médico João Regis Ivar Carneiro, professor-visitante do Serviço de Diabetes da Uerj e doutor em clínica médica pela UFRJ, lembra que o IBGE mede a variação ponderal desde a década de 70, e, de lá para cá, o excesso de peso avançou em todas as faixas etárias, mas, nos últimos anos, isso vem acontecendo de forma mais acentuada entre as crianças de 5 a 9 anos:

“Acompanhando esses estudos, podemos tirar duas lições: nossas crianças estão ficando mais obesas, e a obesidade na infância é um dos principais fatores de risco para que a doença se estabeleça na adolescência e na idade adulta. Os EUA estão olhando para as crianças porque eles já perderam a batalha contra a obesidade entre adultos”, diz o médico, com pós-doutorado em biologia molecular na Fiocruz.

O especialista alerta de que, na adolescência, a chance de a obesidade se instalar definitivamente é ainda maior: sobe para 15 vezes. E os problemas associados a ela não esperam a idade adulta para se manifestarem. É cada vez mais comum ver adolescentes com diabetes tipo 2, doenças respiratórias e ortopédicas, além de transtornos psicossociais, em função dos quilos a mais que carregam:

“É uma situação complicada porque, ao invés de se exercitarem e mudarem seus hábitos, esses jovens vão se afastando dessas práticas cada vez mais. Recentemente vi uma adolescente de 15 anos que já era hipertensa, diabética e não cabia na carteira escolar”, lamenta, explicando que a urbanização, o acesso à tecnologia e até o aumento da renda e do consumo foram conquistas que criaram, por outro lado, uma série de problemas. “Hoje morre-se mais por excesso do que por falta de comida.”

Para ele, o tratamento da obesidade infantil é um desafio que se impõe às famílias e à sociedade. E passa necessariamente pela educação:

“O Brasil precisa de políticas públicas pra conter a obesidade. Isso inclui oferecer tratamento multidisciplinar às famílias das crianças obesas, já que a criança reproduz comportamentos do ambiente em que está vivendo. Também é preciso criar uma legislação que restrinja a venda de determinados produtos e favoreça o consumo de outros mais saudáveis e a prática de atividade física. A população precisa de educação de uma maneira geral e educação alimentar especificamente. As crianças de baixa renda estão comendo mais, mas não estão comendo melhor”.

Fonte: Saúde 360

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